Manifesto

Do latim manifestus, a palavra significa algo claro, evidente, visível. Assim, quando falamos em “manifesto”, estamos nos referindo a um documento que torna pública uma posição ou visão diante de determinado tema.

O Manifesto do MDC apresenta nossa cosmovisão sobre o zeitgeist — o “espírito do nosso tempo” — e como ele se reflete nos desafios que enfrentamos no Brasil e no mundo. Mais do que uma análise, é também a expressão da resposta que propomos a esses desafios. Trata-se de um convite à reflexão e à participação ativa.

1- O Mundo em Crise

O século XX foi marcado pela luta entre liberdade e tirania. As democracias liberais, guiadas pela força da dignidade humana, venceram os horrores do fascismo, do nazismo e do comunismo. Parecia o triunfo definitivo da civilização sobre a barbárie. O Ocidente acreditou ter conquistado uma era de paz e prosperidade, onde os direitos humanos e a democracia jamais voltariam a ser ameaçados.

Mas o século XXI revelou outra verdade. A democracia liberal não morreu, mas adoeceu. O mundo assiste à ascensão de uma nova ordem autoritária, que não se apresenta com uniformes ou desfiles militares, mas em discursos radicais, governos populistas, regimes híbridos e democracias iliberais. O autoritarismo agora veste a máscara da segurança, da identidade e até da moralidade.

A polarização corrói o tecido social. A esquerda global, antes movida por ideais de justiça social, fragmentou-se em um identitarismo estéril, incapaz de oferecer coesão ou projeto de país. A direita, em reação, mergulhou em populismos e personalismos que flertam com a tirania. Enquanto isso, o cidadão comum se sente órfão. O diálogo desaparece, a liberdade se esvai aos poucos e o risco de uma erosão silenciosa das democracias cresce a cada dia.

2- O Brasil em Crise

A história do Brasil ecoa os dilemas do mundo, mas com marcas próprias. Forjado como um projeto colonial de caráter patrimonialista, explorou riquezas naturais sem consolidar cidadania. Passamos pelo Império e pela República sem que o povo fosse protagonista. As revoltas, os golpes e as ditaduras se sucederam como capítulos de um mesmo enredo: concentração de poder, corrupção e exclusão social.

A Nova República reacendeu a esperança de participação e liberdade, mas essa chama hoje vacila. O Brasil atravessa um período de cansaço e descrença. Nossas instituições estão desacreditadas.

A nova direita, que surgiu como reação à corrupção sistêmica e ao declínio moral do Estado, rapidamente naufragou em personalismos e messianismos que transformaram a política em culto a líderes, e não em serviço ao país. Alimentou-se de ressentimento e retórica inflamável, mas mostrou-se incapaz de oferecer um projeto estruturado de Brasil. Entre o moralismo seletivo e o pragmatismo, cedeu ao autoritarismo disfarçado de patriotismo e ao imediatismo de alianças que traem seus próprios discursos. Nesse caminho, afastou-se do compromisso com a liberdade e com o bem comum, tornando-se refém da polarização que ajudou a criar.

A esquerda, por sua vez, se refugiou em pautas identitárias fragmentadas, incapazes de gerar coesão ou um propósito comum. Tornou-se relativista e incoerente, a ponto de apoiar causas e regimes que violam os princípios que afirma defender. Nesse processo, afastou-se do povo real e de suas necessidades concretas, tornando-se estéril como projeto político.

O resultado é uma democracia exausta, sufocada pela polarização que transforma irmãos em adversários irreconciliáveis. Os três poderes se enfrentam em conflitos que corroem a confiança popular. O Executivo, preso a um modelo presidencial que impede qualquer governo de sustentar um projeto de país duradouro, sobrevive por meio de pragmatismo extremo, alianças fisiológicas e distribuição de cargos e emendas, perpetuando a velha política que nenhum governo, passado ou presente, foi capaz de superar. O Legislativo, por sua vez, rendeu-se quase por completo ao balcão de negócios, atendendo a interesses imediatos em vez dos anseios legítimos do povo. E o Judiciário, com ministros do Supremo assumindo poderes excepcionais sob o pretexto de proteger a democracia, arrisca corroer a ordem constitucional, restringir liberdades civis e fragilizar o Estado Democrático de Direito. Entre radicalismos, omissões e conchavos, o Brasil sangra em divisões e injustiças que parecem não ter fim.

Nosso país está órfão de um projeto integrador e lideranças responsáveis. O cidadão, mais uma vez, está só.

3- A Resposta

É nesse cenário, no Brasil e no mundo, que surge o Movimento Democrático Cristão (MDC). Ele nasce como uma terceira via que busca reconciliar dilemas que a velha política não consegue resolver. Propõe uma economia de mercado com responsabilidade social, que apoie quem produz sem abandonar os vulneráveis. Defende um pluralismo democrático sustentado por uma moral objetiva, garantindo liberdade com responsabilidade. Valoriza a ação do Estado em harmonia com a força da sociedade civil, fortalecendo famílias, comunidades e instituições intermediárias. Busca o desenvolvimento econômico aliado à preservação ambiental, em respeito às futuras gerações.

O Movimento Democrático Cristão (MDC) é realista e reformista. Não é de esquerda nem de direita, não é individualista nem coletivista. É centrista, personalista, solidário e comprometido com o bem comum. Nasce inspirado na tradição da Democracia Cristã, que ao longo do século XX reconstruiu sociedades devastadas por guerras e extremismos, sempre colocando a dignidade da pessoa humana e o bem comum acima de ideologias de poder.

Nossa convicção é simples: a política deve voltar a servir a sociedade como um todo. Defendemos a vida, a família e a dignidade de cada pessoa como fundamentos inegociáveis. Queremos um Estado justo e transparente, que promova prosperidade sem sufocar a liberdade, proteja os vulneráveis sem destruir a livre iniciativa e combata a corrupção e o abuso de poder em todos os níveis.

O Movimento Democrático Cristão (MDC) surge com a missão de ajudar a curar a política brasileira da polarização que divide famílias, paralisa governos e enfraquece instituições. Nosso propósito é restaurar a confiança do povo em suas lideranças e reconstruir a ideia de que o Brasil pode, sim, ter um projeto de país sólido e duradouro.

Queremos unir os brasileiros em torno de uma agenda comum, que priorize aquilo que realmente importa: educação de qualidade, segurança pública eficiente, saúde acessível, infraestrutura moderna, cultura viva, geração de empregos e desenvolvimento econômico sustentável.

Nosso compromisso é preservar o que já funciona, corrigir o que precisa ser reformado e inovar onde o Brasil ainda não ousou avançar. Acreditamos que só assim será possível romper com ciclos de frustração e criar um futuro de esperança, prosperidade e justiça social, guiado pelos valores da dignidade da pessoa humana, do bem comum e da responsabilidade ética na política.

No cenário global, assumimos a missão de reafirmar os valores que permitiram às democracias vencer o século XX, para que elas não sucumbam à erosão moral e à apatia do século XXI. É tempo de transformar o desencanto em ação, a fragmentação em unidade e o medo em coragem. É tempo de retomar a Democracia Cristã no Brasil, oferecendo ao povo uma política que verdadeiramente sirva as pessoas.

O Movimento Democrático Cristão (MDC) nasce para ser a ponte sobre o abismo que divide o país, para devolver esperança e confiança ao povo brasileiro. A história nos ensina que as democracias morrem quando o povo se cala — e renascem quando a esperança volta a falar.

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